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Sistematização dos resultados do processo Indaba e Espiritualidade do Labirinto

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Nós, delegados e delegadas do clero e do laicato de todas as Dioceses da IEAB, reunimo-nos em diálogo preparatório ao Sínodo, a fim de orar, meditar, trocar experiências e conversar uns com os outros, em processo de escuta e reflexão, conhecido como Indaba. Durante essas conversa amadurecemos algumas percepções em três momentos: “Ver”, um momento de identificar claramente nossa situação enquanto Igreja e a realidade concreta de nossas comunidades; “Julgar”, momento em que diante do quadro levantado, avaliamos com base nas Escrituras e em nossa tradição os contornos do que identificamos; e finalmente -“Agir”, momento em que sinalizamos pistas e propomos ações concretas e oficiais por parte da IEAB e com as quais nos comprometemos.

1º. Momento - VER

O que vemos em nossa igreja e em nós mesmos?

Observamos que há grande distancia entre o discurso que temos e o que vivemos na prática. Temos uma ótima concepção de ser Igreja, mas não temos coragem de convidar as pessoas por receios e medos. Não buscamos nas oportunidades que nos cercam nem somos incentivados a realizar a missão. Muitas comunidades não crescem porque não querem pessoas diferentes. Dizemos ser uma igreja inclusiva, mas agimos como seita excludente para alguns. Temos uma caricatura de missionários e precisamos ser mais ousados. Identificamos um forte desejo de cumprir a missão e ser um braço de Cristo no mundo, mas também vemos muito desânimo em virtude de nossas estruturas.

Preocupamo-nos muito com a estrutura porque apesar da belíssima apresentação da nossa igreja, nossos bancos continuam vazios, e não sabemos por que os velhos pilares estão se indo e quem ficará no lugar deles. Onde estão nossos filhos? Onde estamos falhando? Somos uma igreja envelhecida, sem jovens e sem crianças que não têm motivação em participar de nossas atividades. Identificamos em muitos um sentimento de angústia e um peso moral para manter a herança deixada pelas gerações passadas. Essa situação gera esvaziamento e dificuldade de desenvolver pastorais devido à inexistência de recursos humanos nas comunidades. Parece haver por parte das paróquias uma preocupação maior em sobreviver do que em crescer. Será que a qualidade do que oferecemos é tão pouca que desencanta nossa igreja? Para renovação da igreja é necessário começar pela escola dominical, para que as crianças possam ser levadas por seus pais, que precisam ser motivados também, pois família é fundamental.

Mas vemos também que a estrutura tira o foco da missão ou dificulta as ações missionárias. A estrutura só funciona quando realmente estiver a serviço do povo; se a estrutura não consegue escutar às pessoas de nada adianta ter uma estrutura interna bem organizada, com reuniões e cargos, pois isso não tem valor para as pessoas. No Brasil a estrutura é muito grande e isso dificulta o funcionamento da igreja. Precisamos rediscutir a estrutura, pois não adianta manter algo que não funciona. Precisamos de uma estrutura mais flexível que se adapte à realidade em termos de recursos humanos e financeiros da Província e das dioceses e paróquias.

As estruturas atuais foram criadas para o passado e não houve uma adaptação para a atual conjuntura, especialmente diante da redução de recursos humanos e financeiros. Parece muita estrutura para pouca gente. Estamos num “ponto cego” sem saber como avançar como Província. Estamos sem alvo, sem objetivo e sem plano de trabalho, como se apenas a tradição pudesse renovar a igreja. As poucas coisas que se consegue planejar e realizar acabam não ocorrendo mais e isso também não é questionado por ninguém. Há total falta de sequência e persistência.

Reconhecemos que a estrutura provincial é insatisfatória para atender a demanda e o sonho do povo, e não é adequada para a missão de Deus, pois não estão conseguindo responder a altura das transformações que ocorrem. Há muitas falhas de comunicação em todos os âmbitos provinciais. Nossas estruturas provinciais necessitam de renovação. As estruturas diocesanas e provinciais precisam provocar as comunidades para que se integrem, gerando este senso de unidade.

Estamos insatisfeitos e cabe a nós, no presente, tentar mudar essa realidade. Estamos gastando tempo e dinheiro há anos no mesmo modelo, no mesmo discurso, nos mesmos direcionamentos sem novos resultados. As pessoas frequentam as igrejas às vezes por muito tempo, mas, na prática, não conhecem as estruturas. É importante trabalhar isso permanentemente com as pessoas que frequentam a igreja e que não sabem se a contribuição financeira que esta sendo enviada para a Diocese ou a Província, está sendo bem aproveitada. Existem recursos, mas ficam retidos por medo de faltar e dificuldade de partilhar. As pessoas somente começarão a contribuir quando acreditarem que a nossa igreja está fazendo missão. As pessoas querem contribuir, mas nem sempre são desafiadas a fazê-lo ou são desestimuladas pela má utilização dos recursos..

Muitas dessas questões estruturais remetem ao episcopado. Há muita queixa contra os bispos por parte do clero que não se sente suficientemente apoiado por seus bispos e também por parte de comunidades que lamentam a nomeação de clérigos/as para comunidades sem a devida atenção aos diferentes perfis pastorais (do clérigo/a e da comunidade). Essa situação indica que os bispos precisam estar mais presentes nas comunidades, não apenas em datas marcadas e comemorativas, a fim de acompanhar o orientar melhor o que está acontecendo em cada comunidade.

Apesar dessa realidade às vezes desanimadora, identificamos um grande anseio missionário. Não podemos deixar que as crises interfiram na missão. É difícil cumprir integralmente a missão, mas queremos cumpri-la. Compreendemos que é possível fazer missão até embaixo de uma árvore. Missão é estar onde outras pessoas não querem estar; é trazer pessoas para um relacionamento fraterno. Deve ser uma prática terapêutica de acolher os outros, prática que flui do altar e que também é adoração, testemunho e serviço.

2º. Momento - JULGAR

Para avaliar a situação acima precisamos escutar mais a Palavra, encarná-la e internalizá-la para ligar a proposta de Jesus com as nossas práticas, pois na Igreja há inúmeros palpiteiros, mas poucos executores das ações. A escuta da palavra é um elemento necessário para o serviço.

Reconhecemos vários sinais de engajamento, de fraternidade, solidariedade, serviços, espiritualidade litúrgica, mas precisamos avançar muito, especialmente na Educação Teológica para a formação do clero e laicato com vistas à espiritualidade, à criatividade litúrgica, o atendimento pastoral e o serviço social. A escuta da Palavra nos faz avaliar que nosso problema básico está na formação. Necessitamos urgentemente repensar a formação dos novos líderes, pois a crise da IEAB está ligada a quem não tem uma boa formação teológica. Sem boa formação não há bom ministério.

2.1. Formação

Necessitamos que a formação teológica e espiritual seja uma prática constante e voltada para todas as faixas etárias, inclusive o estímulo à espiritualidade para as crianças. Precisamos resgatar o ministério de formação e educação de crianças e jovens na igreja. Isso é necessário porque toda ação transformadora deve começar de dentro para fora - primeiro com a pessoa, depois é um efeito dominó. A transformação do mundo inicia-se pela conversão própria. Estamos falhando muito na formação para todos os ministérios, especialmente os do laicato. A Educação Teológica por vezes é elitizada e requer popularização da linguagem. O EAD (Ensino à Distância) pode servir como estratégia para que se tenha acesso ao conhecimento, desde que o Curso seja reconhecido pelo MEC, mas lembramos que o lugar onde começa a vocação é o banco da Igreja.

2.2. Liturgia

A liturgia é um espaço privilegiado de alimento e de missão. Precisamos ter mais sensibilidade para com as necessidades das pessoas, pois não temos sido igreja terapêutica. A prática interna da IEAB muitas vezes se mostra diferente das necessidades da comunidade. Não somos sensíveis às necessidades da população local. Os jovens não são valorizados nem incentivados a participar das diversas atividades da Igreja. As pessoas têm medo de olhar para o seu próximo, pois não querem assumir nenhum compromisso com outras pessoas, pois olhar no olho do outro/a pode ser algo íntimo e comprometedor. Às vezes temos a impressão de que nas igrejas, o clero e lideranças leigas são apenas “profissionais da fé”, como em qualquer outra profissão. Precisamos a cada domingo reviver a caminhada de Emaús para não retroceder. É necessário buscar a mística e a espiritualidade como alimento no qual encontramos forças e tempo para nos dedicarmos à Igreja, ao trabalho pastoral e as lutas sociais.

2.3. Ação Social e Diaconia

Precisamos de formação também para a ação social e diaconia, pois fomos criados em uma cultura que separa espiritualidade a ação social e a política. É preciso buscar a superação dessa cultura visando a integração entre diaconia e missão. Nosso engajamento com a sociedade é muito baixo, e a prova está no surpreendente fato de que apenas uma Diocese tenha tomado algum posicionamento em relação às manifestações que mobilizaram o país no último mês de junho. Há uma deficiência grave por parte do clero quanto à ação social. Como inspirar o clero para que se apaixone pela diaconia integrada à missão? Há também um grave déficit de sistematização da ação social, para que seu conteúdo tenha efeito pedagógico, sobretudo pela falta de espaços de reflexão para os membros comuns. É preciso estabelecer o sentido bíblico teológico da diaconia para que haja uma integração efetiva da diaconia à missão, pois a Igreja deve ser uma retaguarda espiritual das vanguardas da ação social.

2.4. Ministério ordenado

Finalmente, precisamos de boa formação para o clero. Há uma queixa generalizada em relação ao clero. Há clérigos que estão somente passando o tempo - falta motivação. Estes precisam de atenção, alguém que acompanhe os resultados e estabeleça metas. Outros são isolados e focados apenas nas atividades dominicais. Mas reconhecemos que nosso clero é mal remunerado e às vezes sobrecarregado. Todo compromisso do trabalho e missão da igreja fica sobre a figura do/a reverendo/a que fica demasiadamente preocupado com o crescimento da comunidade e sem tempo para a leitura e preparação para o exercício do ministério. É necessário atendimento e assistência psicológica, para o clero que está fragilizado e precisa também de tempo para investir na vida pastoral e escutar a palavra de Deus na conversa com as pessoas. O clero sente falta de momentos de aprofundamento espiritual, de espaços para tomar alimento para o serviço.

Essas palavras indicam que valorizamos nosso clero e queremos que sejam saudáveis, bem preparados e bem remunerados. A IEAB precisa se organizar de forma que possa sustentar e apoiar as comunidades menores que estão começando e também dar sustento aos clérigos (as), apoiando-os (as) para que possam criar seus filhos (as) e sustentar suas famílias; pois o papel do sacerdote é servir integralmente à comunidade, enquanto o papel da comunidade é cuidar do sacerdote para que ele possa desempenhar este serviço.

Devemos pensar também, para além da escuta; os ministros ordenados têm a função da pregação da palavra, mas o que se diz no púlpito precisa ser o que se possa fazer na vida. A ética do clero deve ser coerente com a ética que a Igreja defende. As ações devem ser coerentes com o discurso. O clero precisa aprofundar sua espiritualidade pessoal para que se possa trabalhar a espiritualidade na comunidade. Reconhecemos que falta muita sensibilidade pastoral por parte do clero. Nesse quadro, o bispo é uma figura solitária - ele tenta fazer, mas quem deveria fazer não faz, então forma-se um círculo vicioso.

3o. Momento - AGIR

Reconhecemos que somos tímidos na nossa missão de divulgar, evangelizar e falar sobre nossas ações pastorais, seja por medo ou vergonha. Nós anglicanos respeitamos tanto as outras pessoas que não falamos de nós mesmos. Estamos tão preocupados em não fazer “proselitismo” que nos esquecemos de que existem muitas pessoas sem religião. Temos medo de coagir as pessoas a vir à nossa igreja e essa inibição se dá por identificar o perfil das pessoas como não compatível com o que entendemos por ser anglicano. Se a pessoa vem a nós, será bem acolhida, mas não buscamos evangelizar e atrair outros. Isso pode fazer com que as pessoas não se sintam bem ao conhecer nossas comunidades. Sabemos que ser anglicano requer maturidade, ausência de preconceitos, liberdade e consciência da responsabilidade por seus próprios atos, mas perdemos a paixão por medo de nos tornarmos iguais às igrejas proselitistas. Tornamo-nos racionais demais. Precisamos mudar essa ideia. Precisamos ter a coragem de comunicar as boas novas como nosso compromisso. Estamos redescobrindo nosso caminho e nos reapaixonando por nossa igreja. O momento é de contradição e reavaliação.

Isso requer uma catequese missionária em favor de uma participação efetiva do laicato, pois não estamos conseguindo ser Igreja para nossa gente. A IEAB está abaixo do que pode fazer. Há muito potencial pouco aproveitado. A prática missionária tem sido individual, não havendo um planejamento para que a comunidade coletivamente possa superar as dificuldades. Portanto, há a necessidade, através dos instrumentos existentes, de um planejamento diocesano para que sejam abertas missões sólidas.

Basicamente, precisamos enfrentar as três questões já visualizadas acima: formação (pastoral), organização (estrutura) e legislação (cânones).

3.1. Estrutura

Vivemos um momento no qual precisamos repensar toda nossa estrutura organizacional. Nossas estruturas foram criadas a partir de padrões americanos e já não estão adequadas para a realidade e o momento do Brasil. Precisamos de uma reforma radical das estruturas, pois aos poucos estamos fugindo de nossa primeira meta e de nossas prioridades. Necessitamos um Sínodo extraordinário para tratar exclusivamente da reforma dos cânones, e que leve em consideração as contribuições das paróquias, dioceses e áreas provinciais e implante uma política capaz de prevenir e evitar acontecimentos semelhantes aos de Recife e São Paulo. Desejamos que seja desencadeado um processo de preparação para um Sínodo Extraordinário para a elaboração de um novo projeto canônico - uma constituinte que enfrente os problemas de estruturação da IEAB, da desigualdade na distribuição dos poderes e que repense os critérios de “Paróquia plena” e de “membresia plena”, considerados excludentes por alguns de nós. Desejamos que todas as missões e pontos missionários tenham voz e voto nas instâncias diocesanas, desde que demonstrem estar vinculadas ao compromisso com o serviço e a missão.

Precisamos repensar que a função de bispo Primaz, se exercida por um bispo diocesano, prejudica o desempenho do episcopado em ambos os níveis, tanto diocesano como provincial. Entendemos que o cargo de Primaz deva ser um cargo de dedicação exclusiva, podendo ser exercido por um bispo jubilado e experiente.

O Sínodo também deve discutir novamente a questão da Tricameralidade. Porém, caso a CCL seja mantida como é, ela deve ter sua estrutura melhor definida, estabelecendo uma equipe de trabalho e agenda, pois a CCL tal como existe hoje é um vazio, efetivo apenas no papel não tendo condições de ser representativa da Província. É necessário estabelecer na agenda da IEAB uma reunião anual ou bienal do clero para que este possa articular e partilhar posicionamentos.

É preciso também que o Sínodo convoque um congresso de gestão eclesiástica, com profissionais experientes na captação e gestão de recursos e profissionais da IEAB que tenham formação adequada. Precisamos debater e repensar as três áreas provinciais do Brasil, criando mecanismos de comunicação entre todas as unidades da IEAB, para que se saiba o que ocorre em toda a igreja. Portanto, é necessário melhorar e otimizar a comunicação provincial e estimular as áreas provinciais a realizar intercâmbios de juventude.

É preciso também elaborar critérios unificados na Província para ordenação de clérigos e agir concretamente em uma estratégia para manutenção da previdência social de futuros clérigos/as, avaliando a viabilidade econômica da manutenção do FAPIEB, inclusive incentivando a possibilidade de que outras pessoas, que não apenas os clérigos possam contribuir com o FAPIEB.

3.2. Formação

Precisamos ainda revisar os procedimentos de seleção e formação de novos clérigos, a fim de se criar um padrão para todos. A Educação Teológica é fundamental para enfocar para a renovação do clero e laicato e para a catequese nas comunidades. Reconhecemos que a formação teológica deve ser semi-presencial, mas com convivência comunitária e estágio supervisionado durante todo o curso, antes da ordenação ao diaconato.

Além da preparação do clero é importante focar na formação do laicato que é essencial para a igreja. A formação deve proporcionar um melhor aproveitamento dos clérigos mais experientes, e da diversidade de suas vocações. É necessário articular as inteligências da IEAB, oriundas de diversos lugares para a missão. A IEAB deve ter um compromisso, um plano de ação, mais presente com os pobres, e comunidades carentes nas diversas regiões do país.

Precisamos resgatar a participação da juventude na IEAB nos questionando sobre o que temos a oferecer a esses jovens e criar cartilhas unificadas para a escola dominical e catequese, popularizando nossa literatura teológica para ser acessível à população geral. Necessitamos investir em educação cristã, voltada especialmente para leigos, crianças e juventude e utilizar os cultos dominicais também como momentos catequéticos. O dinheiro da JUNET deve ser voltado para esses fins – a formação, educação, e desenvolvimento e aquisição de recursos musicais, educacionais e litúrgicos, e não para outros fins.

Também necessitamos avaliar a atuação de todas as comissões existentes dentro da igreja e repensar especialmente a atuação da comissão de direitos humanos, incluindo produção de material sobre os assuntos debatidos. Nossa vocação na militância dos direitos humanos deve ser reafirmada como modelo também para o movimento ecumênico que não pode prescindir desse carisma anglicano. O Sínodo não pode esquivar-se, de discutir também um posicionamento da IEAB sobre o matrimônio homossexual e as bênçãos de união estável a casais homoafetivos.

3.3. Diaconia

No tocante à diaconia social e política precisamos conscientizar nosso povo de que o projeto de Jesus é de servir e acolher. Porém na sociedade capitalista somos bombardeados pela mensagem do consumir, do ter, do poder, que influencia a vida de nossas comunidades. Precisamos nos cuidar para evitar esta sedução e tentar superar esta dificuldade para realmente construir uma vida de comunhão. Tudo o que fazemos, temos e somos deve estar em função do serviço: nossas estruturas, nossos templos, particularmente as pessoas, devem estar em função do serviço. A paróquia é uma comunidade que representa a todos os que moram no local em que a igreja esteja situada. As dioceses, por sua vez, devem representar não apenas as paróquias, mas o Estado e região de sua abrangência. Quando a comunidade abraça um projeto no local onde se encontra inserida, ela estará unida e alegre em servir, em caso contrário, ela se dissolve e se enfraquece, em questões menores.

Para tanto é importante valorizar o papel relevante do SADD na dimensão metodológica como ferramenta de sistematização e formação para ação social, o enfrentamento à violência doméstica, etc.. A IEAB está presente em vários projetos sociais e isso tem ajudado a mudar também a visão das pessoas de dentro da igreja. Isso precisa ser mais divulgado, através de uma campanha de mobilização da IEAB como um todo até 2015 (cinquenta anos de Província) com ênfase na missão e serviço.

Além disso, é preciso realizar um censo nas paróquias e missões, a fim de mapear e depois escutar toda a comunidade anglicana em todos os níveis. O laicato precisa falar e ser ouvido. Muitas decisões são tomadas sem consulta ao povo, apenas em gabinetes, e isso leva a inúmeros conflitos desnecessários. As questões financeiras devem ser abordadas sem medo. A experiência do Indaba deve tornar-se prática comum nas comunidades e deve ser adotada em todos os níveis da IEAB, juntamente com a metodologia do caminho de Emaús. A experiência do Indaba deve ser reproduzida nas dioceses e paróquias, incluindo a meditação no labirinto.

Precisamos urgentemente atualizar e renovar nosso LOC e Hinário, voltando a ensinar os hinos clássicos que estão caindo em desuso e divulgar a nova hinologia.

Finalmente, este é o momento de oficializar a parceria da IEAB com a Diocese Anglicana do Uruguai, sobretudo na área de formação e na Educação Teológica, inclusive criando um centro de produção teológica para América Latina e confeccionar material bilíngue (português – espanhol) que possa a ajudar a todos.

4. Desafios

Como enfrentar tantas demandas? Sabemos que há muito que fazer neste país e que não basta acreditar na tradição. A tradição deve sempre ser contextualizada. A Escritura é Tradição viva e cabe à Igreja constantemente repensar, valorizar e reatualizar essa tradição.

Reconhecemos que devemos trabalhar para que todos se sintam amados e ouvidos. A missão começa com a acolhida, que é uma ferramenta de inclusão e uma forma concreta de acolhida é o movimento de cursilho. Mas precisamos de planejamento participativo que nos inspire em trabalhos ecumênicos nas áreas de saúde, escola rural, informatização, etc. A Igreja deixa claro que as pessoas não estão nela apenas para receber bênçãos, porém para servir. Precisamos reviver o primeiro amor da IEAB, tão bem estampado na prática dos primeiros missionários. Somos uma igreja pequena, mas temos potencial. Precisamos de fé – acreditar mais em Deus e em nós mesmos.

Porto Alegre – 7-9 de outubro de 2013

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